10 de abril de 2014

desde as montanhas

Eu sou daquele tipo que parece que nunca pensa, mas engano bem. Os desafios me atraem e procuro só  pessoas de bom humor.  Sou agradável, sempre tenho uma palavra a dizer e um carinho a oferecer. Sou inteligente e vista como uma pessoa que gosta de conversar e alegrar o ambiente.
Então... mas eu não sou muito legal não!
Eu tenho um gato velho e ainda sem nome. Ele dorme enrolado em uma almofada. Às vezes, ele desaparece e eu me preocupo porque fico com sono, quero dormir e ele não chega. De repente, escuto o chamado dele na porta. Decerto que foi gatear pelo telhado alheio. Eu acabo relevando tudo, quando ele vem pisando de leve sobre o teclado e me faz trocar as palavras que estou escrevendo; ou quando me olha com aqueles olhos de quem precisa sempre de perdão.
Não gosto de compromisso. Quando tenho de ir ao dentista fico adiando, adiando e quase chego atrasada. Mas estou sempre lá! Detesto dizer não, aliás nem sei como se diz! N-a-o-til!
É que não gosto de decepcionar! E não tenho nenhum objetivo na vida a não ser viver, eu acho!
Odeio fazer coisas que não gosto. Você também, não é? Outro dia vi uma mulher na rua batendo em uma criança. Eu a odiei! Com todas as minhas forças! Ela me disse que o filho era dela e que eu não deveria me intrometer na educação dele. Tive de concordar com ela.
Adoro ser professora. É quando eu aprendo. Claro que eu também ensino, não sou boba nem nada! Estudei muito pra isso! Mas a cada dia que eu entro na sala de aula, eu sinto aquele ser humano diante de mim como se fosse uma enorme interrogação em minha vida: são tão diferentes entre si, os meus alunos, ali sentados em fila, iguaizinhos em seus uniformes!
Acredito tanto na verdade que a procuro todos os dias, mas é tão difícil encontrá-la! Acredito na poesia e nem preciso ir atrás dela, é tão fácil senti-la em mim!
Choro à toa assistindo a filmes românticos e quando chove eu rio à toa. Desde que não venham enchentes, claro! Quando ouço uma música que me faz lembrar alguém querido eu choro, choro... O dia fica comprido, a saudade agarra meu coração e eu escuto outra vez a mesma música. E outra vez. E mais uma vez. E outra vez choro perdida em lembranças e saudades. Depois passa! Graças a Deus, porque senão o meu poema nasceria blue.
Não sou nem um pouco descolada pra namorar, sabe? Eu sou mineira! Onde é mesmo que a gente põe as mãos? Pra onde mesmo que a gente olha? O que é mesmo que a gente faz? Sei lá! Acho que namorar se aprende namorando, rs...
Todas as manhãs preciso mudar minhas senhas, esqueço-as com uma facilidade! Talvez eu devesse ter nascido na Idade Média, era só tocar um sino numa torre distante e e me lembraria de acordar. Às vezes, penso que estou vindo à pé de Woodstock, descalça, distraída, num vestido branco transparente.
Não sei onde estarei amanhã, talvez você me encontre andando sem pressa por algum caminho cheio de sombras e luzes e flores e cheiros, não sei! A preocupação com o futuro não faz parte do meu presente e eu gostaria muito de estar aqui quando ele chegasse. Ele, o futuro.
Você não pode imaginar os problemas que eu tenho. Nem eu posso imaginar os seus. Mas eu sempre sorrio para as pessoas e as coisas, porque acho que tudo fica mais fácil.
Então... você viu? Não sou mesmo nem um pouco legal.